quinta-feira, 23 de julho de 2015

Belém do Pará - Forte do Presépio

Forte do Presépio de Belém
Se alguém chegar a Belém, capital do Pará, na Região Norte do Brasil, e procurar pelo Forte do Presépio, pelo Forte do Castelo ou ainda pelo Forte do Senhor Santo Cristo, vai constatar que, na verdade, está em busca do mesmo lugar. A quantidade de nomes que o Forte do Presépio teve pode ser justificada pelos acontecimentos que caracterizaram sua fundação. Após vencer os franceses no Maranhão em novembro de 1615, os portugueses chegam à Amazônia já de olho na movimentação de ingleses e holandeses, que haviam iniciado aproximação com os indígenas para aproveitar o potencial da imensa Região Amazônica. A Coroa Portuguesa, então, confiou ao Capitão-Mor do Rio Grande do Norte, a missão de explorar a área assediada pelos estrangeiros. Por causa disso, ele recebeu o título de Descobridor e Primeiro Conquistador do Rio das Amazonas.

Forte do Presépio de Belém
Ao chegar a Belém vindo de São Luís do Maranhão, com três navios e 200 homens sob seu comando, o Capitão-Mor identificou a necessidade de construir algum tipo de edificação que pudesse proteger sua tropa e a cidade em que acabava de ocupar. Tão logo chegou, começou a erigir uma fortificação de taipa e palha, guarnecendo-a com 12 peças de artilharia. Nela colocou o nome de Forte do Presépio de Belém, um tributo ao dia de Natal, data em que saíra do Maranhão. No interior do Forte foram construídos alojamentos para a guarnição, pois havia o temor de eventuais contratempos com os índios Tupinambás, bem como a possibilidade de uma invasão dos ingleses e holandeses. O Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém, popularmente referido como Forte do Presépio, localiza-se sobre a Baía do Guajará, na Ponta de Maúri à margem direita da Foz do Rio Guamá, dominando a entrada do porto e o canal de navegação que costeia a Ilha das Onças

Canhão apontando para a Baía do Guajará
Houve um ataque em 1619, porém não veio dos estrangeiros, e sim dos povos nativos. Os Tupinambás, aliados dos portugueses na sua chegada e também responsáveis pela construção do forte, avançaram contra o povoado tentando expulsar os conquistadores lusos, acusando-os de ter violentado suas mulheres e filhas. A luta varou a madrugada. De um lado, os índios e suas flechas venenosas e incendiárias; do outro, armas de fogo. O combate só terminou quando o cacique Guaiamiaba (em língua Tupi, "cabelo de velha") morreu após ser atingido por um tiro de arcabuz. Depois desse episódio, o Forte ganhou outro revestimento, de taipa de pilão. A nova fortificação foi erguida com um baluarte artilhado com quatro peças, um torreão e alojamento para 60 praças, sendo batizada como Forte Castelo do Senhor Santo Cristo, ou simplesmente Forte do Santo Cristo. Arruinada pelos combates e pelo clima, sofreu reparos em 1632 e 1712. 

Canhões no Forte do Presépio
Nenhuma outra tentativa de invasão voltaria a acontecer. Em 1753, o Forte do Castelo funcionou pela primeira vez como hospital para atender mais de 300 pessoas acometidas de um surto epidêmico. Seis anos depois, transformou-se em hospital militar, sendo conhecido como Hospital do Castelo. No século XIX, quando os paraenses resolveram se insurgir contra a elite portuguesa na revolta que ficou conhecida como Cabanagem, o Forte, já em condições precárias de conservação, foi quartel dos insurgentes durante cinco anos (1835-1840). 

Canhões no Forte do Presépio
À época da Independência do Brasil, o Forte foi reedificado, para ser desativado no Período Regencial, que extinguiu os Comandos dos Fortes, Fortins e Pontos Fortificados, desarmando-os. No ano seguinte, passou a ser denominado de Castelo de São Jorge, ou simplesmente Forte do Castelo, como até hoje é denominado. O Forte foi reparado e rearmado a partir de 1850, quando o seu recinto interior foi objeto de limpeza e ganhou novos quartéis para tropa, Casa do Comandante, ponte sobre o fosso, portão e muralha de cantaria pelo lado do Rio Guamá. Em 1878 passou a acolher parte do grande número de flagelados na cidade, em fuga da seca na Região Nordeste do Brasil, voltando a exercer as funções de hospital. A entrada para o Forte se dá pelo Portal do Aquartelamento que era a porta de entrada para Feliz Lusitânia, o primeiro nome de Belém. Até a segunda metade do século XIX, a cidade e o Forte eram ligados fisicamente, quando foi construído um muro de separação aquartelando o local. Em 2002, o muro foi parcialmente demolido, deixando apenas um vestígio do mesmo.

Portal do Aquartelamento
As dependências do Forte foram utilizadas para diversas finalidades, tais como depósito de armamentos, munições ou outros materiais. No contexto da Segunda Guerra Mundial, serviu de quartel para uma bateria de Artilharia. Na década de 1950 as suas dependências abrigavam diversos serviços da 8ª Região Militar. Encontra-se tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1962. Completamente descaracterizado, o monumento sofreu diversas intervenções no passado, entre as quais várias modificações para abrigar a sede social do Círculo Militar de Belém, que manteve no local um restaurante, um bar, depósitos e um salão de festas. Em 1978, tentou-se negociar a retirada do Círculo Militar e seu restaurante, para uma intervenção de restauração do imóvel. Em 1980, com as muralhas parcialmente destruídas, a edificação passou por obras de emergência para garantir a estabilidade do conjunto remanescente. A partir de 1983, com recursos da Fundação Pró-Memória, o IPHAN realizou obras de conservação e restauro. O Circulo Militar deixou as instalações do Forte apenas em 1997, após o que foram requalificadas como espaço cultural, passando a abrigar um museu, e dando lugar a espetáculos musicais e teatrais.

Museu do Encontro
Com o passar do tempo, sofreu inúmeras reformas até ser transformado em ponto turístico. Foram retiradas várias partes de construções que, ao longo dos anos, descaracterizaram as instalações originais, procurando-se manter aquelas consideradas pertinentes ao aspecto geral do conjunto. Junto às pesquisas e às prospecções arqueológicas no local, foram encontradas também marcas da antiga Capela do Santo Cristo, datada do período de 1621 e 1626, entre o Fosso do Forte e o ângulo setentrional do prédio. Bem preservado, revela ao visitante a preocupação portuguesa, na época, com a manutenção do domínio sobre a região. 

Museu do Encontro
Atualmente, nas instalações do Forte do Presépio, o Museu do Forte do Castelo de São Jorge ou Museu do Encontro conta um pouco do início da colonização portuguesa na Amazônia. O Museu fica na Sala Guaimiabaantigo Corpo da Guarda do ForteHá objetos do uso cotidiano dos povos pré-históricos, além de peças que marcam a transformação e utilização do local. Há também artefatos líticos (peças de pedras), além de raspadores utilizados para ocasionar atrito e dar origem ao fogo. Uma vitrine Marajoara, com peças feitas em cerâmica, também é um dos destaques do Museu. No centro do Museu, urnas funerárias revelam indícios dos rituais marajoaras. O Museu do Forte possui uma das maiores coleções de “muiraquitãs”. Os amuletos, datados do século X, foram encontrados na região tapajônica, atual cidade de Santarém. E o Museu guarda outra riqueza: a história dos famosos índios Tupinambás, que ocupavam a região de construção do Forte. Eles ficaram conhecidos pela fama de comerem carne humana

Mercado Ver-o-Peso visto do Forte do Presépio
Ao fundo do Museu, “A Conquista do Amazonas”, uma tela histórica encomendada pelo governador Augusto Montenegro ao pintor Antônio Parreiras, para decorar a parede do Salão de Honra do Palácio do Governo. A tela, de oito metros de largura por quatro de altura, retrata a expedição organizada pelo Governador da Capitania do Maranhão com objetivo de reconhecer o Rio Amazonas até Quito, no Equador. O interessante do lugar é que ele nos proporciona ricas experiências. Como a visão inesquecível do nascer ou pôr-do-sol. Um presente. Por estar localizado no ponto mais alto da orla da Baía do Guajará, ele abre um cenário magnífico. Constitui-se num dos mais procurados pontos turísticos da cidade, por sua localização privilegiada e seu sentido histórico. É integrante do Complexo Arquitetônico e Religioso da Cidade Velha, a Feliz LusitâniaO Forte fica fechado às segundas-feiras e o valor do ingresso para visitação é simbólico.





Mercado Ver-o-Peso visto do Forte do Presépio

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