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Mercado Ver-o-Peso |
Quando resolvi que faríamos uma viagem à Belém-do-Pará, só tinha uma certeza em mente: queria conhecer o famoso
e tão prestigiado Mercado Ver-o-Peso.
O Mercado Ver-o-Peso ou Mercado Municipal Bolonha de Peixe ou Mercado de Ferro ou somente Ver-o-Peso (inicialmente chamado Casa de Haver o Peso) é um mercado público
inaugurado em 1625, pertencente ao Complexo
Ver-o-Peso, situado na cidade brasileira de Belém, no Estado do Pará,
localizado na Avenida Boulevard Castilho
de França, Cidade Velha, no Bairro da Campina, às margens da Baía do Guajará, entre a Estação das Docas e o Forte do Presépio. Foi eleito uma das Sete Maravilhas do Brasil por ser um dos
mercados mais antigos do país. Ponto turístico, cultural e econômico da cidade de
Belém, formado pelo Mercado de Ferro, Praça do Pescador, Doca das Embarcações,
Pedra do Peixe e, Feira Livre – considerado a maior feira
ao ar livre da América Latina – abastece
a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios e ervas medicinais, vindos das
ilhas circunvizinhas à capital e dos municípios do interior, fornecidos por via
fluvial.
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Mercado Ver-o-Peso |
Com posição estratégica na desembocadura do Amazonas, Belém era o maior entreposto comercial da região de produtos
extraídos da Região Amazônica (drogas
do sertão) com destino aos mercados locais e internacionais, de carne com preço
baixo dos rebanhos na Ilha do
Marajó, e ponto de chegada dos produtos europeus. Então em 1625,
na área do Igarapé do Piri (no atual
Mercado Ver-o-Peso), os portugueses
instalaram o posto fiscal comercial Casa
de Haver o Peso, para controle do peso e, arrecadação de tributos dos
gêneros trazidos para a sede da Capitania
do Grão-Pará (Estado do
Maranhão), concedido por provisão real à Câmara de Belém. No início do século
XIX, o Igarapé do Piri foi aterrado para
atender aos avanços urbanísticos de Belém e, na sua foz, foi construída a Doca do Ver-o-Peso.
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Mirante no Mercado Ver-o-Peso |
No Ciclo da Borracha,
entre o final do século XIX e começo do século XX, a cidade de Belém teve grande importância
comercial, principalmente para o cenário internacional. Neste período, também
se pode registrar mudanças urbanísticas: a margem da Baía do Guajará foi aterrada, transformando os trapiches de
madeira e a praia na Doca do
Ver-o-Peso e na Pedra do Peixe
feito com pedra de lioz pelos ingleses. Importantes edificações foram erguidas seguindo
o padrão arquitetônico europeu de estilo eclético, influenciado pela art nouveau, entre as
quais, o Mercado Municipal de Carnes
(1867), o Palácio Antônio Lemos
(1873) e o Theatro da Paz (1874). Em
1897, o projeto para a construção do Mercado
Municipal de Peixe ou Mercado de
Ferro, foi aprovado. Em 1899, teve início sua edificação, sendo inaugurado
em 1901, na forma de um dodecágono com medida de
1.197 metros quadrados, com estrutura
metálica em zinco veille-montaine, trazido pré-fabricado da Inglaterra e de Nova Iorque, transportado via fluvial para Belém. Neste período também ocorreu a ampliação do Mercado de Carne.
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Estruturas de ferro do Mercado Ver-o-Peso |
O Complexo passou por duas grandes reformas. A primeira em
1985, com melhorias no: Mercado de Ferro,
Solar da Beira (sendo transformado
em restaurante e espaço cultural), na Praça
do Pescador e, na Feira Livre do
Mercado. Ocorreu também a construção da Praça
dos Velames e montagem de barracas padronizadas. Em 1998 e 2002, ocorreu a
segunda reforma em etapas, com intervenção geral na Feira, contemplando
aspectos paisagísticos do local e qualificatórios dos feirantes. O Mercado
ganhou as ruas numa área delimitada coberta por uma lona branca. Mas o prédio
principal “de ferro azul” continua sendo o cartão postal do Mercado Ver-o-Peso.
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Estruturas de ferro do Mercado Ver-o-Peso |
O Mercado faz parte de um Complexo Arquitetônico e Paisagístico (Complexo Ver-o-Peso) tombado pelo IPHAN, em 1977, que compreende uma área de 35 mil metros quadrados,
com uma série de construções históricas, incluindo o Mercado de Ferro, o Mercado
da Carne, o Mercado de Peixe (é
um dos pontos mais movimentados do local), a Praça do Relógio, a Doca,
a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo, o Solar da Beira e a Praça do Pescador.
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Bancas do Mercado Ver-o-Peso |
Uma das feiras populares mais vibrantes do Brasil é sem
dúvida o Mercado
Ver-o-Peso, em Belém. Uma
feira que nunca dorme. O movimento no Mercado
começa às 3:30 horas. Nesse horário, pescadores começam a descarregar suas
mercadorias – pirarucus, dourados, pescadas, traíras, tucunarés. Entre 06 e 14 horas,
os comerciantes oferecem o que há de mais fresco em matéria de pescados. Do
lado de fora, a Feira Livre, o dia
todo, tem centenas de barracas que vendem frutas regionais, raízes, temperos,
ervas, óleos medicinais, artesanato e muita comida típica, como tacacá e
maniçoba.
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Barraca de frutas típicas da
Amazônia |
O Mercado é dividido em setores, que facilitam a visita. No
total, são 16 setores e um mundo à parte e pitoresco. Andar pelo Mercado
é conhecer um pouco da cultura paraense, porém, como em qualquer área central
de grandes capitais, é preciso prestar atenção aos itens pessoais, a fim de
evitar pequenos furtos. Uma das áreas mais famosas é a de ervas amazônicas, onde são vendidos “garrafadas”
medicinais, banhos cheirosos, perfumes e até vudus. O ambiente
é perfeito para experimentar as exóticas frutas típicas e as delícias
regionais. Prefira ir pela manhã, quando os produtos estão bastante frescos, e quando
a Estação das Docas já
estiver aberta, ampliando a área de estacionamento, caso você vá de carro. Na
hora do almoço, as barracas são concorridas. O
bacana é conversar com os vendedores e entender essa cultura. Alguns já até
viraram celebridades e expõem cheios de orgulho suas fotos com atores e
apresentadores de TV, como a Beth
Cheirosinha. Os milhares de vidrinhos coloridos e com promessas
milagrosas já são uma marca registrada do Ver-o-Peso.
É impossível não se render aos rótulos com nomes divertidos e às misturas das
famosas “garrafadas”. Se você der sorte, sua visita à Feira pode ser
acompanhada do som de simpáticos senhores com sua bandinha.
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Barraca de perfumes e garrafadas |
Continuando a circular, você verá o quanto que produtos que
você talvez nunca tenha ouvido falar são importantes na mesa do paraense. Um
desses casos é o tucupi, um caldo
delicioso extraído da mandioca selvagem que é a estrela da culinária local,
usado nos mais diversos pratos. Para quem gosta de tapioca e outras farinhas, prepare-se para ficar em
dúvida sobre qual comprar, tamanha a variedade. O mesmo acontece com os camarões secos, que são de encher os olhos. Há ainda o
setor de polpas (das mais
variadas frutas, prontinhas para rechear bombons, virarem suco ou geleia), frutas (entre elas o famoso açaí), artesanato, itens industrializados (leia-se
“chineses”), entre outros. E, claro, tem muita castanha-do-Pará.
Dá até para ver o difícil trabalho dos vendedores de retirar a casca de cada
uma. Certamente visitar o Mercado é como visitar o berçário da cozinha
brasileira, um museu vivo que mexe e aguça os nossos cinco sentidos. Belém é a cidade mais
incrível que você ainda não pensou em visitar.
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Barraca das Pimentas |
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Mercado Ver-o-Peso e a Baía do Guajará |
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