sábado, 25 de julho de 2015

Belém do Pará - Mercado Ver-o-Peso


Mercado Ver-o-Peso
Quando resolvi que faríamos uma viagem à Belém-do-Pará, só tinha uma certeza em mente: queria conhecer o famoso e tão prestigiado Mercado Ver-o-Peso. O Mercado Ver-o-Peso ou Mercado Municipal Bolonha de Peixe ou Mercado de Ferro ou somente Ver-o-Peso (inicialmente chamado Casa de Haver o Peso) é um mercado público inaugurado em 1625, pertencente ao Complexo Ver-o-Peso, situado na cidade brasileira de Belém, no Estado do Pará, localizado na Avenida Boulevard Castilho de França, Cidade Velha, no Bairro da Campina, às margens da Baía do Guajará, entre a Estação das Docas e o Forte do Presépio. Foi eleito uma das Sete Maravilhas do Brasil por ser um dos mercados mais antigos do país. Ponto turístico, cultural e econômico da cidade de Belém, formado pelo Mercado de Ferro, Praça do Pescador, Doca das Embarcações, Pedra do Peixe e, Feira Livre – considerado a maior feira ao ar livre da América Latina – abastece a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios e ervas medicinais, vindos das ilhas circunvizinhas à capital e dos municípios do interior, fornecidos por via fluvial.

Mercado Ver-o-Peso
Com posição estratégica na desembocadura do Amazonas, Belém era o maior entreposto comercial da região de produtos extraídos da Região Amazônica (drogas do sertão) com destino aos mercados locais e internacionais, de carne com preço baixo dos rebanhos na Ilha do Marajó, e ponto de chegada dos produtos europeus. Então em 1625, na área do Igarapé do Piri (no atual Mercado Ver-o-Peso), os portugueses instalaram o posto fiscal comercial Casa de Haver o Peso, para controle do peso e, arrecadação de tributos dos gêneros trazidos para a sede da Capitania do Grão-Pará (Estado do Maranhão), concedido por provisão real à Câmara de Belém. No início do século XIX, o Igarapé do Piri foi aterrado para atender aos avanços urbanísticos de Belém e, na sua foz, foi construída a Doca do Ver-o-Peso.

Mirante no Mercado Ver-o-Peso






No Ciclo da Borracha, entre o final do século XIX e começo do século XX, a cidade de Belém teve grande importância comercial, principalmente para o cenário internacional. Neste período, também se pode registrar mudanças urbanísticas: a margem da Baía do Guajará foi aterrada, transformando os trapiches de madeira e a praia na Doca do Ver-o-Peso e na Pedra do Peixe feito com pedra de lioz pelos ingleses. Importantes edificações foram erguidas seguindo o padrão arquitetônico europeu de estilo eclético, influenciado pela art nouveau, entre as quais, o Mercado Municipal de Carnes (1867), o Palácio Antônio Lemos (1873) e o Theatro da Paz (1874). Em 1897, o projeto para a construção do Mercado Municipal de Peixe ou Mercado de Ferro, foi aprovado. Em 1899, teve início sua edificação, sendo inaugurado em 1901, na forma de um dodecágono com medida de 1.197 metros quadrados, com estrutura metálica em zinco veille-montaine, trazido pré-fabricado da Inglaterra e de Nova Iorque, transportado via fluvial para Belém. Neste período também ocorreu a ampliação do Mercado de Carne.

Estruturas de ferro do Mercado Ver-o-Peso
O Complexo passou por duas grandes reformas. A primeira em 1985, com melhorias no: Mercado de Ferro, Solar da Beira (sendo transformado em restaurante e espaço cultural), na Praça do Pescador e, na Feira Livre do Mercado. Ocorreu também a construção da Praça dos Velames e montagem de barracas padronizadas. Em 1998 e 2002, ocorreu a segunda reforma em etapas, com intervenção geral na Feira, contemplando aspectos paisagísticos do local e qualificatórios dos feirantes. O Mercado ganhou as ruas numa área delimitada coberta por uma lona branca. Mas o prédio principal “de ferro azul” continua sendo o cartão postal do Mercado Ver-o-Peso.

Estruturas de ferro do Mercado Ver-o-Peso
O Mercado faz parte de um Complexo Arquitetônico e Paisagístico (Complexo Ver-o-Peso) tombado pelo IPHAN, em 1977, que compreende uma área de 35 mil metros quadrados, com uma série de construções históricas, incluindo o Mercado de Ferro, o Mercado da Carne, o Mercado de Peixe (é um dos pontos mais movimentados do local), a Praça do Relógio, a Doca, a Feira do Açaí, a Ladeira do Castelo, o Solar da Beira e a Praça do Pescador.

Bancas do Mercado Ver-o-Peso
Uma das feiras populares mais vibrantes do Brasil é sem dúvida o Mercado Ver-o-Peso, em Belém. Uma feira que nunca dorme. O movimento no Mercado começa às 3:30 horas. Nesse horário, pescadores começam a descarregar suas mercadorias – pirarucus, dourados, pescadas, traíras, tucunarés. Entre 06 e 14 horas, os comerciantes oferecem o que há de mais fresco em matéria de pescados. Do lado de fora, a Feira Livre, o dia todo, tem centenas de barracas que vendem frutas regionais, raízes, temperos, ervas, óleos medicinais, artesanato e muita comida típica, como tacacá e maniçoba.

Barraca de frutas típicas da 
Amazônia
O Mercado é dividido em setores, que facilitam a visita. No total, são 16 setores e um mundo à parte e pitoresco. Andar pelo Mercado é conhecer um pouco da cultura paraense, porém, como em qualquer área central de grandes capitais, é preciso prestar atenção aos itens pessoais, a fim de evitar pequenos furtos. Uma das áreas mais famosas é a de ervas amazônicas, onde são vendidos “garrafadas” medicinais, banhos cheirosos, perfumes e até vudus. O ambiente é perfeito para experimentar as exóticas frutas típicas e as delícias regionais. Prefira ir pela manhã, quando os produtos estão bastante frescos, e quando a Estação das Docas já estiver aberta, ampliando a área de estacionamento, caso você vá de carro. Na hora do almoço, as barracas são concorridas. O bacana é conversar com os vendedores e entender essa cultura. Alguns já até viraram celebridades e expõem cheios de orgulho suas fotos com atores e apresentadores de TV, como a Beth Cheirosinha. Os milhares de vidrinhos coloridos e com promessas milagrosas já são uma marca registrada do Ver-o-Peso. É impossível não se render aos rótulos com nomes divertidos e às misturas das famosas “garrafadas”. Se você der sorte, sua visita à Feira pode ser acompanhada do som de simpáticos senhores com sua bandinha.

Barraca de perfumes e garrafadas
Continuando a circular, você verá o quanto que produtos que você talvez nunca tenha ouvido falar são importantes na mesa do paraense. Um desses casos é o tucupi, um caldo delicioso extraído da mandioca selvagem que é a estrela da culinária local, usado nos mais diversos pratos. Para quem gosta de tapioca e outras farinhas, prepare-se para ficar em dúvida sobre qual comprar, tamanha a variedade. O mesmo acontece com os camarões secos, que são de encher os olhos. Há ainda o setor de polpas (das mais variadas frutas, prontinhas para rechear bombons, virarem suco ou geleia), frutas (entre elas o famoso açaí), artesanatoitens industrializados (leia-se “chineses”), entre outros. E, claro, tem muita castanha-do-Pará. Dá até para ver o difícil trabalho dos vendedores de retirar a casca de cada uma. Certamente visitar o Mercado é como visitar o berçário da cozinha brasileira, um museu vivo que mexe e aguça os nossos cinco sentidos. Belém é a cidade mais incrível que você ainda não pensou em visitar.             


Barraca das Pimentas


Mercado Ver-o-Peso e a Baía do Guajará

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