quarta-feira, 29 de julho de 2015

Belém do Pará - Museu do Estado do Pará (Palácio Lauro Sodré)

Museu do Estado do Pará - Palácio Lauro Sodré
O Palácio Lauro Sodré, inicialmente chamado Palácio dos Governadores, é uma edificação pública de 1772, situado na Praça Dom Pedro II, no Bairro da Cidade Velha, na cidade brasileira de Belém, no Estado do Pará. Foi projetado pelo arquiteto bolonhês Antônio José Landi (técnico do Reino) a pedido do Governador do Grão-Pará, no estilo neoclássico italiano e, inaugurado pelo administrador colonial português, para ser sede do governo português como Palácio dos Governadores, do Estado do Grão-Pará e Maranhão que se transferira de São Luís para Belém, quando também se transferira a capital da Província do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro.


Museu do Estado do Pará - Palácio Lauro Sodré

Lustre em cristal do Palácio Lauro Sodré
A história do Palácio tem início com um audacioso plano do Marquês de Pombal, um dos grandes ministros do Rei Dom José I. A ideia era transferir a corte portuguesa para Belém, mas para isso seriam necessárias obras de infraestrutura na cidade. Em 1754, durante a Era Pombalina, a residência dos governadores estava em ruínas e os administradores moravam e despachavam em casas alugadas, por isso era fundamental a construção de uma moradia adequada para o rei no então Centro Comercial de Belém. Uma comissão certifica o estado de ruína em que se encontrava o prédio e sugere sua demolição com o aproveitamento de algumas telhas e peças de madeira.

Lustre em cristal do
             Palácio Lauro Sodré
O Governador então solicita a Landi um projeto de uma “casa descente e sem superfluidades” declarando que a casa não poderia ser de grande despesa e o encaminha à Corte. Em 1761, ainda sem resposta, o governador se dirige ao rei, remetendo uma nova planta de Landi. A primeira proposta consistia em uma prancha assinada por Landi contendo a fachada e um corte transversal. No corte se identificam: um pórtico de entrada com um terraço superior, atrás da fachada, um átrio de acesso principal com cobertura abobadada; uma escadaria desenvolvida em espaço com abóboda. A fachada, horizontal e simétrica, mostra-se com dois pavimentos e telhado aparente de beiral, assentado sobre cornija. O segundo projeto mostra planta baixa, fachada principal e um corte longitudinal. A fachada mostra-se idêntica ao projeto anterior pelo destaque do corpo central. A planta mostra um pátio central interno, rodeado por arcadas ao estilo cortile italiano. A construção começou em 1768, após a compra de três lotes adjacentes para que o prédio tivesse a dimensão desejada, três anos depois, em novembro de 1771 estava concluída. 

Peça em porcelana do Museu
O Palácio foi modificado com o passar dos anos, mas a estrutura se manteve. Em meados do século XIX, as varandas foram fechadas e o beiral substituído por platibandas, além de outras mudanças internas significativas. Após a Proclamação da República houve um movimento no intento de retirar símbolos que marcavam a monarquia e assim o Palácio foi redecorado ao modo republicano e recebeu seu nome atual em homenagem ao Governador Lauro Sodré, o primeiro após a Proclamação da República. Dentre as muitas reformas, adaptações e/ou acréscimos por que passou, foi determinante a empreendida pelo Governador Augusto Montenegro, no início do século XX. No apogeu do Ciclo da Borracha quando a Amazônia viveu os costumes e valores da Belle Époque, Montenegro imprimiu ao prédio e a decoração de seu interior os cânones da época. Parte do mobiliário foi trazida da Europa e a outra parte foi confeccionada nas oficinas da antiga Escola de Artífices. Belíssimos lustres em cristal foram colocados nos Salões Nobres e foi contratado o pintor francês J. Casse para decorá-los. Estas peças e mais as telas de renomados pintores como Antônio Parreiras, Décio Vilares, Benedicto Calixto, passaram a constituir o núcleo mais significativo do acervo.

Pintura no teto do Museu
Em 1971-1973, uma restauração recuperou algumas de suas características modificadas em períodos anteriores, como a capela que fora dividida, na altura, por piso intermediário. Embora não tenha servido ao rei, que morreu em 1777, o Palácio serviu de morada aos governadores do Estado por mais de 220 anos, até ser transformado em sede do Museu do Estado do Pará, em 1994. Construído para uma majestade, o Palácio hoje fica aberto ao público como um dos mais significativos espaços de preservação de identidade histórica e cultural paraense. Um espaço que permite aos visitantes uma verdadeira viagem pela história do Pará. Esse é o Palácio Lauro Sodré testemunha de alguns dos mais importantes fatos da história política do Estado, como a adesão do Pará à Revolução Constitucionalista do Porto e à Independência do Brasil.

Interior do pátio do Palácio Lauro Sodré

Como é comum aos museus históricos, o Museu do Estado do Pará reúne em seus acervos exemplares de natureza, época e estilos diversos, estando os objetos agrupados nas mais diferentes categorias. Destaca-se o acervo arqueológico incorporado a partir de 2001 e o acervo de Artes Visuais até o projeto de vídeo-mapping na sua fachada, resultado de aquisições e doações. Possui uma diversidade de acervo composto por telas, mobiliário, acessório de interiores, fotografias, entre outros bens que incluem o próprio edifício. Foi reinaugurado em 2008 como Museu Histórico. O tempo estimado de visitação é em torno de uma hora. O valor do ingresso é simbólico e o Museu fecha às segundas-feiras para limpeza. O Palácio está localizado na Avenida Portugal, onde também estão outras edificações tombadas: a Doca do Ver-o-Peso, a Praça do Relógio, a Praça Dom Pedro II, o Palácio Antônio Lemos (Palacete Azul) e, a Casa do Barão de Guajará.

Quadro Histórico "Conquista do Amazonas" de A. Parreiras, 1907

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