sábado, 28 de maio de 2016

Campinas - Calçada Portuguesa

Mosaico Português em Campinas
A fachada, a entrada e as calçadas de um imóvel dizem muito sobre aquela propriedade e as pessoas que ali habitam. Como bem sabemos, a primeira impressão é a que fica. A calçada em pedra portuguesa permite uma série de combinações e mosaicos diferentes, desde os minimalistas aos mais ousados. A calçada em pedra portuguesa, também conhecida como mosaico português, já é uma companheira constante no nosso dia a dia. Afinal, ela está presente em grande parte dos ambientes públicos de centenas de cidades brasileiras. A escolha do revestimento de praças, largos, calçadões e outras vias públicas com esse método tem como origem a tradição portuguesa. Nossos colonizadores traziam as pedras como contrapeso em seus navios.


Mosaico da andorinha, símbolo de Campinas
Também foi em Portugal que os mosaicos foram utilizados para adornar as calçadas inicialmente, mas acabaram tomando conta de todas as nações lusófonas. Apesar dos pavimentos calcetados terem surgido no Reino por volta de 1500, a calçada à portuguesa, tal como a entendemos hoje, foi iniciada em meados do século XIX, quando o Governador de Armas do Castelo de São Jorge, o Tenente-Coronel Eusébio Pinheiro Furtado, solicitou aos prisioneiros a confecção de uma calçada com as pedras portuguesas. O resultado ficou tão bom que as mesmas foram utilizadas nos mais diversos projetos urbanísticos do país. A calçada portuguesa rapidamente se espalhou por todo Portugal e pelas colônias, subjacente a um ideal de moda e de bom gosto, tendo-se apurado o sentido artístico, que foi aliado a um conceito de funcionalidade, originando autênticas obras primas nas zonas pedonais. Em Portugal, os trabalhadores especializados na colocação deste tipo de calçada são denominados “mestres calceteiros”.

Mosaico na Praça Carlos Gomes em Campinas



A calçada portuguesa é o nome consagrado de um determinado tipo de revestimento de piso utilizado especialmente na pavimentação de passeios, de espaços públicos, e espaços privados, de uma forma geral. A calçada portuguesa resulta do calcetamento com pedras de formato irregular, geralmente em calcário branco e negro, que podem ser usadas para formar padrões decorativos ou mosaicos pelo contraste entre as pedras de distintas cores. A técnica consiste no encaixe de pequenas pedras portuguesas, uma rente a outra, semelhante aos mosaicos romanos. As cores mais tradicionais são o preto e o branco, embora sejam populares também o castanho e o vermelho, azul acinzentado e amarelo. Todavia, o tipo de aplicação mais utilizado hoje, desde meados do século XX, é aplicado em cubos, e tem um enquadramento diagonal.

Mosaico com formas geométricas

Mosaico em faixas diagonais


Mosaico de três cores
Em certas regiões brasileiras, porém, é possível encontrar pedras em azul e verde. O fato de a rocha mais comum para estabelecer o contraste seja de cor negra, faz com que se confunda a rocha mais utilizada, o calcário negro, com o basalto. De fato, existe calcário de várias cores. A pedra utilizada na aplicação na calçada portuguesa obedece a algumas características específicas, daí nem todas as pedreiras extraem este tipo de pedra. A aplicação fica a cargo dos calceteiros que têm como primeira tarefa a compactação do piso. De seguida é colocada uma camada de pó de pedra ou areia, onde irá ser encaixada a calçada. Depois da aplicação da pedra, esta é coberta com pó de pedra, areia e por vezes também uma percentagem de cimento, sendo esta mistura varrida para que preencha o mais possível as juntas. O processo seguinte é a compactação, que é feita de modo manual. Os desenhos são primeiro criados e transferidos para moldes em ferro ou PVC onde é preenchido. A calçada pode ainda ter outro tipo de acabamento, como o polimento, mais usado em calçada aplicada no interior de edifícios.

"Como as ondas do mar"


Mosaico ícone do calçadão
da Praia de Copacabana
No Brasil, este foi um dos mais populares materiais utilizados pelo paisagismo do século XIX, devido à sua flexibilidade de montagem e de composição plástica. A sua aplicação pode ser apreciada em projetos como o do Largo de São Sebastião, construído em Manaus no ano de 1901, cujo motivo do tipo mar largo inspirou também o famoso Calçadão da Praia de Copacabana ou nos espaços da antiga Avenida Central, ambos no Rio de Janeiro. O padrão icônico da orla da Praia de Copacabana inspirado nas ondas do mar, se tornou ainda mais famoso com o projeto de Burle Marx para a cidade maravilhosa. Foram solicitados mestres calceteiros portugueses para executar e ensinar estes trabalhos. Nas últimas décadas, diversas cidades no mundo vêm substituindo suas calçadas históricas, incluindo mosaicos portugueses, por passeios mais práticos e seguros. No Brasil, em 2007, a Prefeitura de São Paulo substituiu os mosaicos portugueses da Avenida Paulista, existentes desde 1973, por pisos de concreto. Com a preocupação cada vez maior em relação à mobilidade, a calçada encontra-se atualmente num grande debate sobre a continuação da sua utilização. Enquanto para muitos a calçada é vista como patrimônio cultural, parte da identidade e história, para outros, a calçada é vista como uma barreira à boa mobilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário