terça-feira, 10 de maio de 2016

Campinas - Irmandade de Misericórdia de Campinas

Fachada da Santa Casa de Misericórdia de 
Campinas e Hospital Irmãos Penteado, 
tombada pelo Patrimônio Histórico de Campinas
A Irmandade de Misericórdia de Campinas está sediada bem no coração do charmoso Bairro do Cambuí, em Campinas, no ponto mais nobre da Região Central da Cidade, em uma área de um alqueire, quase ao lado do Centro de Convivência Cultural. A Irmandade de Misericórdia de Campinas surgiu a partir do idealismo do Cônego Joaquim José Vieira, que sonhava com a fundação de um Hospital que atendesse às camadas mais pobres da população de Campinas e região. Após uma forte campanha de doações junto aos mais ricos, campanha esta que juntava tanto doações materiais quanto em horas de trabalho dos escravos, era fundado em 1871 o Hospital de Santa Casa de Misericórdia.

Belo Gradil do Hospital Irmãos Penteado

Fachada da Santa Casa de 
Misericórdia de Campinas, de 1875
Em agosto de 1860, o jovem sacerdote Padre Joaquim José Vieira, natural de Itapetininga, Estado de São Paulo, foi nomeado vigário (pároco) de Campinas. Nessa época, a cidade contava apenas com a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição. O Padre Vieira, com apenas 24 anos de idade, vinha substituir o Padre Antônio Cândido de Mello. Devido à sua estatura franzina, o povo chamava o Padre Vieira de “vigarinho”. Confiante na generosidade do povo de Campinas idealizou a fundação, nesta cidade, de um instituto que, congregando os esforços das pessoas de boa vontade, viesse a dispensar assistência hospitalar e conforto moral aos pobres enfermos, ideia esta que se lhe tornou uma preocupação constante, até que se concretizasse no imponente edifício a que denominou Hospital da Misericórdia. Um dos traços característicos do povo de Campinas foi sempre o sentimento de generosidade e de amor ao próximo. A esmola, sob qualquer de suas modalidades, jamais fora aqui negada ao pobre, ao necessitado.

Santa Casa de Misericórdia de Campinas 
vista do Complexo Palácio dos Jequitibás

Busto em Homenagem a 
Dom Joaquim José Vieira, 
Bispo do Ceará e fundador da 
Santa Casa de Misericórdia de Campinas
Dentre os primeiros donativos, destaca-se o da grande quadra de terreno, onde atualmente se acham a Santa Casa e dependências, oferecida pela respeitável senhora Maria Felicíssima de Abreu Soares, viúva do Comendador Joaquim José Soares de Carvalho. Em novembro de 1871, por entre grande regozijo popular, realizou-se a cerimônia de lançamento da primeira pedra do futuro edifício, cuja construção fora dirigida por Diogo Benedito dos Santos Prado, mais conhecido por “Dioguinho”. Para a construção da Santa Casa, os antigos campineiros oferecem toda a sorte de auxílios, em dinheiro, materiais, operários etc., a que se juntou valioso legado do benemérito Antônio Francisco Guimarães, nascido em Portugal, mas brasileiro adotivo, cognominado “o Bahia”. A construção da Capela que ocupa a parte central do edifício se fizera a expensas do saudoso campinense José Bonifácio de Campos Ferraz (posteriormente Barão de Monte-Mor), no cumprimento de um voto de erigir em Campinas uma capela sob invocação de Nossa Senhora da Boa Morte, que assim se tornou a padroeira da Santa Casa.

Fachada da Santa Casa de Misericórdia de Campinas 

Irmandade de Misericórdia de Campinas
Em outubro de 1876, o “Vigarinho”, então Cônego Vieira, teve a inefável ventura de ver as portas do Hospital se abrirem de par em par no recebimento de doentes pobres. O povo de Campinas conquistou nesse dia merecida floração de glória em sua nunca desmentida munificência, com a inauguração da Santa Casa de Misericórdia. A direção interna fora então entregue às Irmãs de São José, de início apenas três, tendo como superior a Irmã Ana Felicité Del Carreto. O serviço religioso foi confiado ao Padre Francisco Quay Thenevon, que durante 12 anos exerceu a capelania com grande desvelo. O fundador da Santa Casa exerceu a provedoria até abril de 1883, quando teve de renunciá-la por haver sido eleito Bispo do Ceará. Já nesse tempo, era Superiora da Santa Casa a benemérita Irmã Ana Justina, que durante o longo período de 45 anos, prestou à Instituição os mais relevantes serviços.

Irmandade de Misericórdia de Campinas
Em meados do século XX, os serviços hospitalares achavam-se distribuídos em quatro enfermarias de clínica médica, quatro de cirurgia, duas de pediatria, uma de oftalmologia, uma de otorrinolaringologia, uma de cardiologia e duas de tisiologia. Contava ainda com o serviço de assistência dentária gratuita, instalada no pavilhão anexo “D. Ester Nogueira”. Em pouco tempo a Santa Casa de Campinas mostrou que cumpria com eficiência as funções para as quais fora criada. A Irmandade de Misericórdia de Campinas tem como modelo de Gestão de Pessoas por Competência na qual investe em ações que assegurem aos seus colaboradores aptidão e capacidade técnica para o desempenho dos cargos que ocupam, bem como para enfrentar os novos desafios do cotidiano de trabalho, visando a excelência na qualidade do atendimento. Garantir a valorização do colaborador, através de incentivos à qualificação e aperfeiçoamento profissional e ações que proporcionem a qualidade de vida aos seus colaboradores no ambiente organizacional são as prioridades da instituição.

Como muitos dos doentes pobres, sobretudo os escravos, acabavam morrendo, os criadores da Santa Casa estruturaram outra instituição, destinada a abrigar órfãos. Assim, em agosto de 1878, foi criado o Asilo das Órfãs. Depois de funcionar precariamente como externato, o Asilo, a partir de agosto de 1890, passou a abrigar meninas em regime de internato. Essa data coincide com o auge das epidemias de febre amarela na cidade. A escola existente tinha seis classes de ensino primário, sendo quatro para as meninas externas e duas para as órfãs. Com a Crise do Café em 1929, a instituição passou por sucessivos problemas e só a partir de 1936 veio uma nova fase de desenvolvimento, com a inauguração do Hospital Irmãos Penteado

Monumento em Homenagem ao Centenário
de Benemerência da Santa Casa
de Misericórdia de Campinas
Desde sua inauguração, o funcionamento foi ininterrupto, abrigando um limite de 60 órfãs, conforme era pedido pelo seu Regulamento. A Capela Nossa Senhora da Boa Morte foi tombada em 1988, salientando a referência neoclássica da edificação e, 10 anos depois, o prédio da Santa Casa também foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural de Campinas. Em maio de 1963 a Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP começou a funcionar no prédio que utilizava as enfermarias e instalações da Santa Casa até 1986. O prédio da Santa Casa não tem uso hospitalar atualmente. Ali está a Provedoria, a área administrativa e o Ísis Educação e Cultura. O centenário edifício será restaurado e deverá abrigar atividade cultural, provavelmente um museu.

Fachada da Santa Casa 
de Misericórdia de Campinas 
O Hospital Irmãos Penteado surgiu a partir da construção de dois pavilhões para cirurgias, um em 1926 com o nome de Dr. Salustiano Penteado e outro em 1935 com o nome de Pavilhão Severo Penteado, ambos beneméritos da Santa Casa. Com isso então acaba sendo inaugurado em 1936 o Hospital Irmãos Penteado. É um prédio bem imponente no Bairro e tem arquitetura bem simples. Bem em frente do Hospital há um belo jardim, super arborizado e com vários bancos, um lugar bem tranquilo e relaxante. No jardim se localiza também o busto dos três irmãos Penteado, Severo e Salustiano, que foram inaugurados em 1935 sendo obra de Vilmo Rosada, e o busto de Austero Penteado, inaugurado em 1950 e obra de Henriqueta Pupo. O Hospital faz parte do Complexo da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, que fica anexada ao lado.

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