Fachada da Santa Casa de Misericórdia de Campinas e Hospital Irmãos Penteado, tombada pelo Patrimônio Histórico de Campinas |
A Irmandade de
Misericórdia de Campinas está sediada bem no coração do charmoso Bairro do Cambuí, em Campinas, no ponto mais nobre da Região
Central da Cidade, em uma área de um alqueire, quase ao lado do Centro de Convivência Cultural. A Irmandade de Misericórdia de Campinas
surgiu a partir do idealismo do Cônego Joaquim José Vieira, que sonhava com a
fundação de um Hospital que atendesse às camadas mais pobres da população de Campinas e região. Após uma forte
campanha de doações junto aos mais ricos, campanha esta que juntava tanto
doações materiais quanto em horas de trabalho dos escravos, era fundado em 1871
o Hospital de Santa Casa de Misericórdia.
Belo Gradil do Hospital Irmãos Penteado |
Fachada da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, de 1875 |
Em agosto de 1860, o jovem sacerdote Padre Joaquim José
Vieira, natural de Itapetininga, Estado de São Paulo, foi nomeado
vigário (pároco) de Campinas. Nessa
época, a cidade contava apenas com a Paróquia
de Nossa Senhora da Conceição. O Padre Vieira, com apenas 24 anos de idade,
vinha substituir o Padre Antônio Cândido de Mello. Devido à sua estatura
franzina, o povo chamava o Padre Vieira de “vigarinho”.
Confiante na generosidade do povo de Campinas
idealizou a fundação, nesta cidade, de um instituto que, congregando os
esforços das pessoas de boa vontade, viesse a dispensar assistência hospitalar
e conforto moral aos pobres enfermos, ideia esta que se lhe tornou uma preocupação
constante, até que se concretizasse no imponente edifício a que denominou Hospital da Misericórdia. Um dos traços
característicos do povo de Campinas foi
sempre o sentimento de generosidade e de amor ao próximo. A esmola, sob qualquer
de suas modalidades, jamais fora aqui negada ao pobre, ao necessitado.
Santa Casa de Misericórdia de Campinas vista do Complexo Palácio dos Jequitibás |
Busto em Homenagem a Dom Joaquim José Vieira, Bispo do Ceará e fundador da Santa Casa de Misericórdia de Campinas |
Dentre os primeiros donativos, destaca-se o da grande quadra
de terreno, onde atualmente se acham a Santa
Casa e dependências, oferecida pela respeitável senhora Maria Felicíssima
de Abreu Soares, viúva do Comendador Joaquim José Soares de Carvalho. Em
novembro de 1871, por entre grande regozijo popular, realizou-se a cerimônia de
lançamento da primeira pedra do futuro edifício, cuja construção fora dirigida
por Diogo Benedito dos Santos Prado, mais conhecido por “Dioguinho”. Para a construção da Santa Casa, os antigos campineiros oferecem toda a sorte de
auxílios, em dinheiro, materiais, operários etc., a que se juntou valioso
legado do benemérito Antônio Francisco Guimarães, nascido em Portugal, mas brasileiro adotivo,
cognominado “o Bahia”. A construção da Capela que ocupa a parte central do
edifício se fizera a expensas do saudoso campinense José Bonifácio de Campos
Ferraz (posteriormente Barão de
Monte-Mor), no cumprimento de um voto de erigir em Campinas uma capela sob invocação de Nossa Senhora da Boa Morte,
que assim se tornou a padroeira da Santa
Casa.
Fachada da Santa Casa de Misericórdia de Campinas |
Irmandade de Misericórdia de Campinas |
Em outubro de 1876, o “Vigarinho”,
então Cônego Vieira, teve a inefável ventura de ver as portas do Hospital se
abrirem de par em par no recebimento de doentes pobres. O povo de Campinas conquistou nesse dia merecida
floração de glória em sua nunca desmentida munificência, com a inauguração da Santa Casa de Misericórdia. A direção
interna fora então entregue às Irmãs de
São José, de início apenas três, tendo como superior a Irmã Ana Felicité
Del Carreto. O serviço religioso foi confiado ao Padre Francisco Quay Thenevon,
que durante 12 anos exerceu a capelania com grande desvelo. O fundador da Santa Casa exerceu a provedoria até
abril de 1883, quando teve de renunciá-la por haver sido eleito Bispo do Ceará. Já nesse tempo, era Superiora da Santa Casa a benemérita
Irmã Ana Justina, que durante o longo período de 45 anos, prestou à Instituição
os mais relevantes serviços.
Irmandade de Misericórdia de Campinas |
Em meados do século XX, os serviços hospitalares achavam-se
distribuídos em quatro enfermarias de clínica médica, quatro de cirurgia, duas
de pediatria, uma de oftalmologia, uma de otorrinolaringologia, uma de
cardiologia e duas de tisiologia. Contava ainda com o serviço de assistência
dentária gratuita, instalada no pavilhão anexo “D. Ester Nogueira”. Em pouco
tempo a Santa Casa de Campinas
mostrou que cumpria com eficiência as funções para as quais fora criada. A Irmandade de Misericórdia de Campinas tem
como modelo de Gestão de Pessoas por Competência
na qual investe em ações que assegurem aos seus colaboradores aptidão e capacidade
técnica para o desempenho dos cargos que ocupam, bem como para enfrentar os novos
desafios do cotidiano de trabalho, visando a excelência na qualidade do atendimento.
Garantir a valorização do colaborador, através de incentivos à qualificação e aperfeiçoamento
profissional e ações que proporcionem a qualidade de vida aos seus colaboradores
no ambiente organizacional são as prioridades da instituição.
Como muitos dos doentes pobres, sobretudo os escravos,
acabavam morrendo, os criadores da Santa
Casa estruturaram outra instituição, destinada a abrigar órfãos. Assim, em
agosto de 1878, foi criado o Asilo das
Órfãs. Depois de funcionar precariamente como externato, o Asilo, a partir
de agosto de 1890, passou a abrigar meninas em regime de internato. Essa data
coincide com o auge das epidemias de febre amarela na cidade. A escola
existente tinha seis classes de ensino primário, sendo quatro para as meninas
externas e duas para as órfãs. Com a Crise
do Café em 1929, a instituição passou por sucessivos problemas e só a
partir de 1936 veio uma nova fase de desenvolvimento, com a inauguração do Hospital Irmãos Penteado.
Monumento em Homenagem ao Centenário de Benemerência da Santa Casa de Misericórdia de Campinas |
Desde sua inauguração, o funcionamento foi ininterrupto, abrigando
um limite de 60 órfãs, conforme era pedido pelo seu Regulamento. A Capela Nossa Senhora da Boa Morte foi
tombada em 1988, salientando a referência neoclássica da edificação e, 10 anos
depois, o prédio da Santa Casa
também foi tombado pelo Patrimônio
Histórico e Cultural de Campinas. Em maio de 1963 a Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP começou a funcionar no
prédio que utilizava as enfermarias e instalações da Santa Casa até 1986. O prédio da Santa Casa não tem uso hospitalar atualmente. Ali está a
Provedoria, a área administrativa e o Ísis
Educação e Cultura. O centenário edifício será restaurado e deverá abrigar
atividade cultural, provavelmente um museu.
Fachada da Santa Casa de Misericórdia de Campinas |
O Hospital Irmãos
Penteado surgiu a partir da construção de dois pavilhões para cirurgias, um
em 1926 com o nome de Dr. Salustiano Penteado e outro em 1935 com o nome de Pavilhão Severo Penteado, ambos
beneméritos da Santa Casa. Com isso
então acaba sendo inaugurado em 1936 o Hospital
Irmãos Penteado. É um prédio bem imponente no Bairro e tem arquitetura bem
simples. Bem em frente do Hospital há um belo jardim, super arborizado e com
vários bancos, um lugar bem tranquilo e relaxante. No jardim se localiza também
o busto dos três irmãos Penteado, Severo e Salustiano, que foram inaugurados em
1935 sendo obra de Vilmo Rosada, e o busto de Austero Penteado, inaugurado em
1950 e obra de Henriqueta Pupo. O Hospital faz parte do Complexo da Santa Casa de Misericórdia de Campinas, que fica
anexada ao lado.
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