sexta-feira, 20 de maio de 2016

Campinas - Palácio da Justiça de Campinas

Palácio de Justiça de Campinas
O terreno para a construção do Palácio da Justiça (Fórum), projetado pelo engenheiro e arquiteto José Maria da Silva Neves, foi colocado à disposição do Estado em 1941. O autor do projeto cursou a Escola Normal e a Escola Politécnica de 1917 a 1922. Foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Belas Artes. O prédio do Palácio da Justiça de Campinas foi inaugurado em 1942. As obras, proteladas pela crise financeira, foram concluídas em 1950. Está localizado na Rua Regente Feijó, na Praça Guilherme de Almeida, bem no centro de Campinas. Tem relação direta com a intervenção feita na cidade com o Plano de Melhoramentos Urbanos projetado por Prestes Maia.

Escultura em bronze representando a Justiça,
na fachada do Palácio da Justiça de Campinas
Estilo que marcou o início do processo de verticalização de Campinas, o Art Déco, sobrevive preservando a imponência de uma época de desenvolvimento da cidade. Em uma pequena volta pela área central, e com o olhar mais atento, é possível identificar rapidamente ao menos 20 edifícios que, apesar dos anos, permanecem grandiosos e representam uma época onde imperou a mistura de estilos de vanguarda. Naquele tempo, por volta dos anos 1930, esses prédios eram considerados os mais elegantes, funcionais e ultramodernos. Grande parte deles está concentrada na Avenida Francisco Glicério e em ruas como Barão de Jaguara e Conceição, pontos mais nobres da antiga Campinas. São construções em que predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, formas geométricas e design abstrato, além de grandes janelas e sacadas em destaque.

Escultura em bronze representando o Direito,
na fachada do Palácio da Justiça de Campinas
Para arquitetos e urbanistas, a presença e preservação das construções conta parte da história da cidade, que despontava para um desenvolvimento industrial. A cidade deixava de ter um ar provinciano para dar os primeiros passos rumo a metrópole que é atualmente. Parte dos prédios está tombada pelo CONDEPACC, e outra está em processo de tombamento. Atualmente a maior parte concentra escritórios de advocacia, contabilidade, consultórios, entre outros serviços. São raros os que são usados para fins residenciais. A maioria está conservada, e um ou outro acabou sofrendo com ações de vandalismo, como pichações. O prédio foi projetado com um grande poço de ventilação e iluminação central interno. O acabamento é primoroso e luxuoso, sendo de mármore em todas as áreas de circulação e elevadores. Tanto a alta porta principal de acesso quanto as laterais têm esquadrias de ferro com gradis formando desenhos geométricos simétricos, típicos do Art Déco

Busto em homenagem ao
poeta Guilherme de Almeida
Na fachada principal estão duas imagens alusivas à Justiça em tamanho real, de bronze, do artista Lélio Collucini. Houve uma clara intenção de “monumentalizar” o edifício, mesmo que o destituindo de toda a ornamentação excessiva do período eclético anterior, manifestada pela sua implantação em nível mais alto, com a escadaria conduzindo à entrada principal e sua localização em esquinas, o que valoriza a volumetria. O seu estilo fica entre o Art Déco e o Moderno, pois ainda predominam os cheios sobre os vazios, a divisão do volume em embasamento, corpo e coroamento, típico do Art Déco. Infelizmente, os campineiros que passam diariamente pela Praça Guilherme de Almeida, em frente ao Palácio da Justiça, no centro de Campinas, se impressionam com o cenário: homens e mulheres amontoados pelos bancos e canteiros, dormindo sobre folhas de papelão, enrolados em cobertores encardidos. Gente que foi parar na rua por causa de doença, do desemprego e da falta de políticas públicas.

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