Palácio de Justiça de Campinas |
O terreno para a construção do Palácio da Justiça (Fórum),
projetado pelo engenheiro e arquiteto José Maria da Silva Neves, foi colocado à
disposição do Estado em 1941. O autor do projeto cursou a Escola Normal e a Escola Politécnica
de 1917 a 1922. Foi um dos fundadores da Academia
Brasileira de Belas Artes. O prédio do Palácio
da Justiça de Campinas foi inaugurado em 1942. As obras, proteladas pela crise
financeira, foram concluídas em 1950. Está localizado na Rua Regente Feijó, na Praça Guilherme
de Almeida, bem no centro de Campinas.
Tem relação direta com a intervenção feita na cidade com o Plano de Melhoramentos Urbanos projetado por Prestes Maia.
Escultura em bronze representando a Justiça, na fachada do Palácio da Justiça de Campinas |
Estilo que marcou o início do processo de verticalização de Campinas, o Art Déco, sobrevive preservando a imponência de uma época de desenvolvimento
da cidade. Em uma pequena volta pela área central, e com o olhar mais atento, é
possível identificar rapidamente ao menos 20 edifícios que, apesar dos anos, permanecem
grandiosos e representam uma época onde imperou a mistura de estilos de vanguarda.
Naquele tempo, por volta dos anos 1930, esses prédios eram considerados os mais
elegantes, funcionais e ultramodernos. Grande parte deles está concentrada na Avenida Francisco Glicério e em ruas como
Barão de Jaguara e Conceição, pontos mais nobres da antiga
Campinas. São construções em que predominam
as linhas retas ou circulares estilizadas, formas geométricas e design abstrato,
além de grandes janelas e sacadas em destaque.
Escultura em bronze representando o Direito, na fachada do Palácio da Justiça de Campinas |
Para arquitetos e urbanistas, a presença e preservação das construções
conta parte da história da cidade, que despontava para um desenvolvimento industrial.
A cidade deixava de ter um ar provinciano para dar os primeiros passos rumo a metrópole
que é atualmente. Parte dos prédios está tombada pelo CONDEPACC, e outra está em processo de tombamento. Atualmente a maior
parte concentra escritórios de advocacia, contabilidade, consultórios, entre outros
serviços. São raros os que são usados para fins residenciais. A maioria está conservada,
e um ou outro acabou sofrendo com ações de vandalismo, como pichações. O prédio
foi projetado com um grande poço de ventilação e iluminação central interno. O acabamento
é primoroso e luxuoso, sendo de mármore em todas as áreas de circulação e elevadores.
Tanto a alta porta principal de acesso quanto as laterais têm esquadrias de ferro
com gradis formando desenhos geométricos simétricos, típicos do Art Déco.
Busto em homenagem ao poeta Guilherme de Almeida |
Na fachada principal estão duas imagens alusivas à Justiça em tamanho real, de bronze, do artista
Lélio Collucini. Houve uma clara intenção de “monumentalizar” o edifício, mesmo
que o destituindo de toda a ornamentação excessiva do período eclético anterior,
manifestada pela sua implantação em nível mais alto, com a escadaria conduzindo
à entrada principal e sua localização em esquinas, o que valoriza a volumetria.
O seu estilo fica entre o Art Déco e o
Moderno, pois ainda predominam os cheios sobre os vazios, a divisão do volume em
embasamento, corpo e coroamento, típico do Art
Déco. Infelizmente, os campineiros que passam diariamente pela Praça Guilherme de Almeida, em frente ao
Palácio da Justiça, no centro de Campinas, se impressionam com o cenário:
homens e mulheres amontoados pelos bancos e canteiros, dormindo sobre folhas de
papelão, enrolados em cobertores encardidos. Gente que foi parar na rua por causa
de doença, do desemprego e da falta de políticas públicas.
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