quarta-feira, 11 de maio de 2016

Campinas - Escola Estadual Carlos Gomes

Fachada da Escola Estadual Carlos Gomes
A Escola Estadual Carlos Gomes, uma das mais tradicionais de Campinas, está situada na Avenida Anchieta, bem no centro da cidade. A Escola Estadual Carlos Gomes faz parte da história de vida de diferentes sujeitos que teceram suas memórias nos seus espaços de ensino. Em 1901, Carlos Kaysel, vereador de Campinas, apresentou indicação para que se encaminhasse ao Governo Estadual solicitação de instalação de uma Escola Complementar e um Grupo Escolar em Campinas. O político Antônio Álvares Lobo foi incumbido de apresentar e defender tal projeto junto ao Governo Estadual. Após muita disputa na Câmara dos Deputados do Estado, registrando-se que Bento Pereira Bueno (Secretário do Interior) e Bernardino de Campos (Presidente do Estado) defenderam a ideia, e este último aprovando com o nome de Escola Complementar de Campinas, em 1902. 

Jardins da Escola Estadual Carlos Gomes

Fachada da Escola Estadual Carlos Gomes
Em maio de 1903 a Câmara Municipal de Campinas alugou, para instalar tal Escola, um sobrado localizado na Rua Treze de Maio e outro prédio, ao lado do sobrado, situado na Rua Francisco Glicério. O conjunto, depois de reformado e adaptado para as novas funções passou a ocupar a esquina dessas duas ruas, no Largo da Catedral. Num país que ainda não garantiu a educação pública de qualidade para todos, gratuita e democrática, a criação dessa Escola para formar professores para o ensino das séries iniciais é, sem dúvida, um marco importante na cidade de Campinas. Em meio a disputas e tensões, conseguiu por um lado, com a sua implementação em 1903, o cumprimento de um direito assegurado à população; por outro aponta a obrigação do Estado no cumprimento de incumbências educacionais.

Entrada Lateral da Escola Estadual Carlos Gomes

Fachada da Escola Estadual Carlos Gomes
Nos primeiros exames de admissão para essa Escola foram aprovados 100 alunos, sendo 28 do sexo masculino e 72 do sexo feminino. A existência, em Campinas, de um Ginásio do Estado, para o qual se dirigiam as preferências dos rapazes, mesmo aqueles que pretendiam seguir a carreira de magistério, parece ter sido a causa da diferença entre o número de rapazes e moças entre os aprovados. A primeira turma de professores formados por essa Escola, ocorrida em 1906, tinha nove homens e 37 mulheres.

Janelas Laterais da Escola Estadual Carlos Gomes

Escola Estadual Carlos Gomes
Quase 10 anos depois da inauguração a Escola Complementar passa a ser Escola Normal Primária, já com mais atribuições para a formação de professores primários. Depois, em 1920, passa a ser Escola Normal de Campinas. A República criou tais escolas visando desenvolvê-las qualitativa e quantitativamente como instituições responsáveis pela qualificação do Magistério para a educação básica. De fato, o advento da República aprofundou as preocupações com a educação e foi decisiva a reforma da Escola Normal do Estado de São Paulo, quando ocorre uma ampla reforma da instrução pública reconhecendo que a não capacitação dos professores era um dos maiores problemas. Em 1924 a Escola de Campinas muda-se para o edifício atual na Avenida Anchieta, com a presença do Presidente do Estado, Washington Luís.

Escola Estadual Carlos Gomes

Porta Lateral da 
Escola Estadual Carlos Gomes
A Escola foi construída num terreno que pertencia ao município, com projeto elaborado pelo arquiteto César Marchisio, discípulo de Ramos de Azevedo, que utilizou o mesmo projeto da Escola Normal de Guaratinguetá e da Escola Normal de Casa Branca, modificando apenas a fachada. O prédio, em estilo eclético, foi projetado com a simbologia típica das construções escolares da época da República Velha. Na construção foram empregados ladrilhos importados da Alemanha, mármores de Carrara nas escadarias, madeira de Riga da Letônia, vitrais e pinturas do artista ítalo-brasileiro Carlo de Servi nas paredes laterais do vestíbulo e detalhes decorativos nas fachadas. O edifício, que tem três pavimentos, atualmente está implantado praticamente no alinhamento frontal da Avenida, pois perdeu parte de seus jardins no alargamento da mesma. O prédio foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), órgão estadual, em maio de 1982. Em abril de 1997, foi tombado pelo CONDEPACC.


Escola Estadual Carlos Gomes
Recebeu o nome de Carlos Gomes em 1936, ano do centenário do nascimento do ilustre compositor de ópera campineiro. Sua denominação foi mudada várias vezes depois: em 1942, passou a Escola Normal e Ginásio Estadual Carlos Gomes; em 1951, Instituto de Educação Carlos Gomes, o segundo Instituto criado no Estado, nome que permaneceu até 1976, e com a extinção das Escolas Normais passou a Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Carlos Gomes. Sua atual denominação foi dada em 1998. As alterações devem-se às inúmeras reformas no campo da educação havidas durante todo o século XX.


Escola Estadual Carlos Gomes
A Fundação para o Desenvolvimento da Educação anunciou em 2013 uma licitação para o restauro do prédio do Colégio Carlos Gomes, compreendendo os forros, os pisos, os banheiros e as instalações elétricas e hidráulicas, época na qual os estudantes deram um abraço coletivo no prédio em protesto contra as condições de manutenção do prédio, que estava com problemas no piso de madeira e no telhado.

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