Palácio da Mogiana |
O Palácio da Mogiana
é um edifício histórico localizado no centro de Campinas. O prédio tem faces para a Rua Visconde do Rio Branco, Avenida
Campos Salles e Rua General Osório,
ocupando aproximadamente metade de um quarteirão. Erguido no estilo eclético com
influências neoclássicas, numa área de 2.000 metros quadrados, pelos irmãos
Massini, entre 1891 e 1910, o Palácio serviu como sede para a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação
(C.M.E.F.) até 1926 – quando a sede
foi transferida para São Paulo – e
sediou atividades dessa Companhia até 1972, quando foi extinta e seu patrimônio
passou à Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA) e depois à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA),
quando a FEPASA foi extinta em 1998.
Com o requinte e o luxo que o trabalho com o café oferecia, seu saguão e suas
escadarias são revestidos em mármore de Carrara,
o madeiramento é de pinho-de-riga, e detalhes em cobre estão salpicados por seu
interior com motivos como ramos de café e rodas de locomotivas com asas.
Palácio da Mogiana |
A Companhia Mogiana de
Estradas de Ferro e Navegação foi fundada em Campinas no ano de 1982. Juntamente com as Companhias Paulista e Sorocabana foi uma das mais importantes ferrovias
paulistas, e teve posição estratégica para o transporte de cargas, sobretudo de
café, entre o fim do século XIX e as primeiras décadas do século XX, do interior
para a capital e o litoral. A Mogiana
teve esse nome até 1924, pois, além das estradas de ferro em terra firme, também
tinha direito à exploração do Rio Grande,
um rio que nasce em Minas Gerais e banha
também o Estado de São Paulo. Nesse caso
eram utilizados para o transporte de mercadorias embarcações fluviais e não trens.
Palácio da Mogiana |
A primeira sede da Mogiana
foi estabelecida, em 1878, em um prédio alugado situado na esquina da Rua General Osório com a Avenida Anchieta, no centro de Campinas. Em 1890 a Companhia adquiriu uma
propriedade e, em 1891 foi construída sua sede própria, o edifício popularmente
conhecido como Palácio da Mogiana. O
projeto, da firma dos irmãos Massini, contava com pavilhão voltado para a Rua Visconde do Rio Branco. Os dois
primeiros pavilhões concluídos nos anos de 1890/1891 foram erguidos em
alvenaria de tijolos, em estilo neoclássico. Com o aumento do pessoal no Escritório Central e pela importância
crescente da Mogiana, a ampliação e
melhoria de sua sede tornaram-se imperiosas. Provavelmente este projeto foi
visto pelo engenheiro-arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que fazia
parte do quadro de funcionários desta Companhia. Esvaziado por ocasião de um
surto de febre amarela, o prédio foi entregue à firma Malfati & Massaglia para o término do edifício central onde se localiza o Salão Nobre ou Barroco, decorado com pinturas
assinadas por Michelle Sanafore.
Palácio da Mogiana |
A partir de 1907 iniciaram-se os estudos de ampliação que em
1908 foram remetidos para a Prefeitura
Municipal solicitando autorização para a construção do Pavilhão Campos Salles, com implantação em esquina, entre a Rua Visconde do Rio Branco e a Avenida Campos Salles, quando houve uma
adaptação da fachada a um novo estilo. Dessa vez não houve uma firma contratada
e o projeto foi gerado no próprio Escritório
Central da ferrovia. No decorrer de 1909, iniciaram-se as obras permanecendo
intacto o primeiro prédio do Escritório Central
durante a execução deste Pavilhão e nesta ocasião fica nítida a importância do Setor Administrativo para a Companhia Mogiana. Com a conclusão do Pavilhão Campos Salles em 1910, as repartições,
que estavam no prédio mais antigo da administração, são transferidas para a nova
edificação, iniciando o processo de demolição do antigo Pavilhão General Osório para a construção de um novo Pavilhão General Osório no mesmo local,
conforme relatório da própria Diretoria.
Palácio da Mogiana - Fachada Rua Visconde do Rio Branco |
Nesta grande obra de ampliação e reconstrução, também aconteceram
reparos no bloco central, com troca e ampliação do forro de estuque por madeira
reenvernizada, uma alteração no piso e a construção de banheiro externo ligando-o
ao prédio principal por meio de plataforma coberta de vidro fosco. Enfim, em 1912,
os Pavilhões General Osório e Central
estão concluídos e, neste mesmo período, acrescenta o conjunto de sanitários masculinos,
bem como a varanda interna ligando a área externa a uma passarela. Com a intensificação
das atividades do Setor Administrativo,
o Escritório Central construiu no fundo
do lote, um prédio de pavimento térreo, para que comportasse o aumento da documentação
gerada pelo Departamento de Correios e Telégrafos.
Palácio da Mogiana |
Nos anos 1950, em decorrência da implementação do Plano de Melhoramentos Urbanos, a Prefeitura Municipal de Campinas conseguiu
desapropriar o lado esquerdo da então Rua
Campos Salles, para ampliá-la e formar a Avenida, o que implicaria na demolição
do Pavilhão Campos Salles em 1956. A
Companhia que nesta ocasião já não mantinha no edifício sua Diretoria, mas parte
de seus escritórios, implementa ações de adequação na tentativa de recuperar parte
da área perdida e recompor a homogeneidade de edifício. Após a adequação da área
para a demolição do Pavilhão Campos Salles,
a ferrovia realizou um projeto em 1957, para a adaptação do prédio pelo lado esquerdo,
criando um novo Pavilhão Campos Salles.
O projeto previa que a fachada frontal se estendesse até o alinhamento da calçada
e os fundos, e ocupasse parte do pátio interno. O projeto não aconteceu em sua totalidade
e em vários aspectos, pela obrigatoriedade de construir outra edificação para sediar
o escritório do Setor de Inativos.
Palácio da Mogiana |
Por fim, depois de tantas modificações, a construção tomou feições
parecidas com o primeiro prédio de 1891, tendo um corpo central e o Pavilhão da Rua General Osório, mas já num
período de transformação profunda da Companhia que em 1971 se veria incorporar pelo
Estado de São Paulo na chamada Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA). Após vários anos de abandono,
a construção chegou a um péssimo estado de conservação, o qual foi revertido
somente em 2009, quando o Palácio da
Mogiana passou por um detalhado processo de restauração, numa parceria
entre o poder público e a iniciativa privada. Passou por processos de
tombamento do CONDEPACC e do CONDEPHAAT. O Palácio da Mogiana já abrigou o Museu Histórico-Pedagógico Campos Salles e a Delegacia Regional de Cultura.
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