Rua do Rocio |
Campinas ainda guarda muita coisa de antigamente. História envolvendo
bairros românticos, ruas cheias de tradição, locais de heroísmo e lendas
seculares. Apesar do progresso e do ar de quase metrópole, há muita coisa
interessante, que o campineiro não presta atenção, enfurnado no cotidiano
agitado de uma cidade moderna e grande. Emoldurando ruas centrais e exalando
ares bucólicos e saudosos, os diversos becos continuam cheios de vida nos
bairros e no centro de Campinas, resistindo
à picareta implacável que alarga ruas e derruba prédios. Pequenos trechos de
passagem rápida para pedestres, esses “esconderijos” em meio a gigantescos
edifícios e construções modernas ainda abrigam moradores, comerciantes, e
também toda a sorte de gente que às vezes se enrosca no meio do beco, para um
namorico com a cumplicidade das sombras ou uma inesperada “tocaia”.
Rua do Rocio |
O Beco, na sua imagem mais pura, relembra um tempo de serestas.
Alguns becos mais tradicionais de Campinas
já vivem seu estertor, engolfados que estão por edifícios modernos de construção
recente. Ainda não foram tombados como patrimônio, mas as histórias e lendas
desses becos estão presentes no imaginário de quem neles vive e trabalha. São
pelo menos seis na área central, a maioria nascido ainda na formação de Campinas. Alguns se transformaram em
ruas, em geral estreitas, mas nem por isso deixaram de ser chamados de becos, e
continuam a receber mais pedestres do que carros.
Rua do Rocio |
A Travessa São Vicente
de Paula ligava as Ruas Lusitana
(Rua de Baixo) e Dr. Quirino (Rua do Meio) ao Largo das
Andorinhas. No entanto, conhecido como Beco
do Inferno, a Travessa foi durante muitos anos, local de abrigo para
moradores de rua, prostitutas e pequenos traficantes. Depois da inauguração do Mercado Grande, em 1861, ali onde hoje
está a Escola Estadual Carlos Gomes,
e com a construção, em 1886, do Mercado
das Hortaliças, que ficava onde, atualmente, está o Largo das Andorinhas, o Beco passou a ser mais frequentado. Mas,
pela falta de iluminação, o local foi invadido por baderneiros.
A alguns quarteirões acima fica a Rua do Rocio, ou Beco do
Rocio um simpático Beco com sobrados do século XIX. Rocio significa um conjunto de repartições públicas e provavelmente
esse nome foi dado por portugueses que moravam na região. Tem calçadas
estreitas e os veículos dominam um lado do estreito trecho de 20 metros, que
liga as Ruas General Osório e Bernardino de Campos. O Beco foi local
de morada de alguns imigrantes portugueses, e durante anos nenhum carro entrava
ali. As construções do Beco do Rocio,
por exemplo, já são tombadas e foram construídas pós-implantação da ferrovia. O
Beco foi uma surpresa super agradável para mim. Tem em um de seus lados vários
sobrados antigos em estilo romântico e super coloridos, que fazem um belo
contraste com o aspecto de abandono ao seu redor. É uma boa opção de passeio
para amantes de arquitetura e história. A área é super tranquila e de fácil
acesso para quem vem de carro. Moro há anos em Campinas e nunca tinha ouvido falar desse Beco, e olha que passo
frequentemente ela região.
Rua do Rocio |
A Travessa Manoel Dias,
plantada no coração da Vila Industrial,
fica paralela à Rua Dr. Sales de
Oliveira, no conhecido Beco Monte
Mor. Local de casas com fachadas de 1919, com visível necessidade de
revitalização, o Beco acolhe moradores de diversos estados. Um local onde o progresso
ainda não atingiu, como uma volta ao passado, ruas estreitas e pequenas, ricas em
detalhes, que guardam recordações de uma cidade aristocrática. A placa indica Rua Coronel Rodovalho, que fica entre
as Ruas Conceição e César Bierrembach. Uma pequena via que
no passado e pelos mais antigos era conhecida como Beco do Rodovalho. Tal nome foi dado em homenagem a um cidadão de
nacionalidade portuguesa, que mantinha uma casa comercial na antiga Rua do Góis (hoje César Bierrembach), misto de armazém e bazar. A casa do português
bonachão erguia-se defronte do Beco. Próximo dali, antes do alargamento da Rua Benjamim Constant, atrás do Colégio Carlos Gomes, existia o famoso Beco do Caracol, e o Beco do Roso – por haver na época a
residência da Família Roso nas
proximidades da Benjamim.
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