quarta-feira, 18 de maio de 2016

Campinas - Catedral Metropolitana de Campinas

Catedral Metropolitana de Campinas
A Catedral Metropolitana de Campinas, inaugurada em 1883, localiza-se na Praça José Bonifácio – popularmente conhecida como Largo da Catedral, no centro da cidade de Campinas, no interior do Estado de São Paulo. É dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Cravada entre as ruas mais movimentadas do centro da cidade, pela Igreja circulam aproximadamente três mil pessoas por dia. Para quem sobe a Rua Conceição, têm-se um bom ângulo para admirar sua beleza imponente e sua imensidão, com seus anjos tocando trombetas e sua cor amarelada em meio ao concreto dos prédios ao redor. São mais de 60 metros de altura, tão alta quanto o prédio ao lado, de 16 andares. A história da Catedral Metropolitana, em essência, reflete a trajetória da consolidação do município de Campinas, nascida de uma antiga parada de bandeirantes no Caminho dos Goiases, rota que conduzia ao sertão de Goiás.

Catedral Metropolitana de Campinas na Praça José Bonifácio

Catedral Metropolitana de Campinas
vista da Rua Conceição
A vida religiosa católica de Campinas se iniciou oficialmente em 14 de julho de 1774, quando foi fundado, por Francisco Barreto Leme do Prado, o Bairro de Mato Grosso de Jundiaí à beira do Caminho dos Goiases. Para assistir à missa, os moradores se deslocavam, anteriormente, para a Paróquia de Jundiaí – onde existe uma Matriz em estilo barroco datada de 1651 e dedicada à Nossa Senhora do Desterro e que foi remodelada por Ramos de Azevedo em 1886, dando origem à Catedral Nossa Senhora do Desterro, em estilo gótico. Trinta e três anos depois, já havia 360 moradores no povoado e estes encaminharam uma petição ao vigário capitular do bispado de São Paulo pleiteando a construção de uma capela. Apesar da petição ter sido impugnada pelo vigário de Jundiaí, os moradores erigiram a primeira capela, construída em taipa e coberta de telhas, a “Matriz Velha” (hoje, após várias reformas, a Basílica de Nossa Senhora do Carmo).

Campanário da Catedral Metropolitana de Campinas

Catedral Metropolitana de Campinas
Com mudanças na direção da Diocese de São Paulo, em 1774, foi nomeado o primeiro vigário da nova Paróquia, que mandou construir uma capela de taipa, coberta de sapé, onde hoje se localiza o Monumento-túmulo de Carlos Gomes, dedicando-se a Nossa Senhora da Conceição na Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso de Jundiaí, com missa cantada, levantamento da pia batismal e benzimento da Matriz provisória. A Freguesia foi elevada à categoria de Vila em 1797 e teve seu nome mudado para Vila de São Carlos. Em 1807, a Câmara da Vila determinou o início da construção de uma nova igreja, sendo os imensos alicerces, típicos da construção em taipa de pilão, construídos pelos escravos e abençoados pelo vigário. O primeiro administrador das obras foi Felipe Teixeira Néri. Durante 38 anos, as taipas foram sendo piladas, financiadas por contribuições, loterias e até um novo imposto provincial, que entrou em vigor em março de 1854. 

Fachada da Catedral Metropolitana de Campinas

Catedral Metropolitana de Campinas e o
Monumento em homenagem a D. João Nery
A luta pela Independência, a Revolução Liberal de 1842 e outros fatores contribuíram para a lentidão das obras e as taipas só foram concluídas em 1845, podendo a Capela-mor, a sacristia e a nave central ser cobertas naquele ano. Em 1847, devido à visita de Dom Pedro II – que havia elevado a Vila de São Carlos à condição de cidade, com o nome de Campinas, em 1842 – a Igreja do Rosário é tornada Matriz provisória, pois a Matriz Nova ainda não tinha condições de uso e a Matriz Velha jazia abandonada e decrépita. Em 1848 assumiu a condução das obras o Dr. Antônio Joaquim de Sampaio Peixoto. Foi Antônio Francisco Guimarães, conhecido pelo apelido de “Baia”, que no ano de 1853 pagou as despesas de viagem e trouxe da então Província da Bahia um grupo de entalhadores, comandados por Vitoriano dos Anjos Figueiroa e mais três oficiais, para se encarregarem da ornamentação interna da “Matriz Nova de Nossa Senhora da Conceição”. Já em Campinas, Vitoriano era tratado por “professor de entalhe”. Valendo-se desta prerrogativa, formou aqui um corpo de aprendizes, dos quais podemos citar Antônio Dias Leite, José Antunes de Assunção e Laudíssimo Augusto Melo, que era deficiente auditivo e tido pelos contemporâneos como muito habilidoso.

Fachada da Catedral Metropolitana de Campinas

Detalhe da Iluminação Externa
da Catedral Metropolitana de Campinas
O Altar-mor dedicado a Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade, demorou nove anos para ser esculpido em madeira, em cedro vermelho. Extremamente trabalhado e rico em detalhes, representa importante exemplar do estilo barroco/rococó brasileiro. Entalhador ícone dessa tradição no Brasil, Vitoriano executou com primazia o Retábulo-mor (altar principal) e nele concebeu um tipo de Baldaquino (coroa que cobre o altar) característico dos retábulos baianos, realizando também a ornamentação dos púlpitos (balcão de oratória). Vitoriano foi o responsável também pelos entalhes das tribunas, da varanda do coro e até mesmo pela condução das obras até 1862, quando foi dispensado pelo novo administrador, Antônio Carlos de Sampaio Peixoto, o “Sampainho”. Sampainho, auxiliado pelos arquitetos Job Justino de Alcântara, Antônio de Pádua Castro e o Dr. Bittencourt da Silva, em 1862, organizou um novo grupo de entalhadores, chefiados por Bernardino de Sena Reis e Almeida, que era fluminense. 

Catedral Metropolitana de Campinas

Nave da Catedral Metropolitana
de Campinas
Concluiu-se a ornamentação da nave central e em 1865 os dois altares dos cantos e os quatro laterais, bem como as capelas, tudo em cedro, abundante nas matas ao redor da cidade. A parte interna da Catedral guarda ainda outras preciosidades como um magnífico órgão de tração mecânica construído por Aristide Cavaillé-Coll, organeiro francês, em 1883, igual ao que existe na Catedral de Notre-Dame, na França, lustres raros, vitrais belíssimos, cadeiras austríacas, candelabros de prata, um campanário com seis sinos – o mais antigo fundido em 1847, entre outras magníficas obras de arte que convidam à contemplação. Os sinos começaram a ser instalados em 1870 e foram trazidos de uma empresa de Londres.



Detalhes da decoração da Nave da Catedral Metropolitana de Campinas

Detalhe da Iluminação Externa
da Catedral Metropolitana de Campinas
Após a conclusão do interior, teve início o processo de construção da fachada, havendo cinco mudanças de projeto: o primeiro tinha características barrocas com duas torres (e, neste sentido, seria perfeitamente integrado ao estilo adotado no interior do templo), do Dr. Bittencourt, mas não pôde ser executado, pois não havia cantaria disponível na região, sendo adaptado por José Maria Cantarino; o segundo, neoclássico, de Charles Romieu, previa uma única torre assentada sobre quatro colunas de pedra, cal e tijolos, mas foi suspenso devido aos acidentes ocorridos na construção (1865) que levaram ao soterramento de quatro funcionários e uma criança; o terceiro, escolhido como resultado de um concurso público, de José Maria Villaronga, previa uma fachada neogótica (1871), mas houve desentendimentos entre os administradores e não chegou sequer a ser iniciado; em 1876 foi contratado o engenheiro italiano Cristóvão Bonini, para mudanças na planta e conclusão da obra, mas foi exonerado pela Câmara em 1879, havendo o quinto projeto, o qual recuperou o estilo neoclássico e foi implementado pelo campineiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1880). Este último foi o responsável geral pela conclusão das obras e dotou o templo inclusive de canos embutidos para a iluminação a gás, uma novidade na época. A fachada tem características neoclássicas com forma regular e simétrica, o frontão em forma triangular, com uma cúpula central, as colunas em estilo grego e uma torre central.

Altar-Mor da Catedral Metropolitana de Campinas
Sua construção durou mais de seis décadas, com alguns acidentes fatais. Inaugurada em 1883, a Catedral recebeu novas ornamentações na fachada durante a grande reforma de 1923 (como os medalhões com as datas comemorativas da Diocese, as guirlandas e as estátuas dos quatro evangelistas e dos quatro anjos do Apocalipse), quando também as telhas coloniais foram trocadas por francesas e a abóbada sobre o Altar-mor foi levantada alguns metros, ficando na mesma altura do restante da Igreja. Foi também nesta época que o zimbório foi trocado por uma cúpula em gomos, encimada pela Imagem de Nossa Senhora. Sua Matriz assistiu a implantação da Diocese em 1908, da Arquidiocese em 1958, tem em sua Cripta sepultados os seis bispos que atuaram na Diocese de Campinas. Na segunda metade do século XX, uma infestação de cupins, provenientes das matas derrubadas desenfreadamente, nos arredores de Campinas, obrigou a uma aplicação de piche em todo o interior da Igreja, única solução encontrada para proteger o patrimônio naquela época. 

Catedral Metropolitana de Campinas e o
Monumento em homenagem a D. João Nery
A Catedral foi eleita uma das Sete Maravilhas de Campinas, em um concurso realizado em 2007 pelo Jornal Correio Popular. Em 2015, depois de 92 anos pintadas de branco, a fachada principal foi entregue com a cor original, o amarelo ocre. A Catedral Metropolitana de Campinas é tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) em 1981, e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (CONDEPACC) em 1988. O edifício é tido como o maior no mundo construído em taipa de pilão, com seus 4.000 metros quadrados, e um dos mais altos. Como o complexo religioso e cultural da Catedral é tão rico não faltam motivos para visitá-la, seja por meios de atividades unicamente para admirar o seu interior ou ir a uma missa. Atualmente, o prédio abriga também o Museu de Arte Sacra da Irmandade do Santíssimo Sacramento, criado por Dom Paulo de Tarso Campos em 1967, com um acervo composto por 576 peças entre pinturas, esculturas, vestes e móveis dos séculos XVIII a XX, além de uma biblioteca com obras raras como partituras, jornais e cartas antigas.

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