segunda-feira, 16 de maio de 2016

Campinas - Praça Annita Garibaldi

Monumento à Mãe Preta e Igreja São Benedito
na Praça Annita Garibaldi

Membros do Clube 220, entidade que congregava agremiações negras do Estado de São Paulo, se empenharam na construção de um Monumento à Mãe Preta em São Paulo, no começo dos anos 1950. A Câmara Municipal e os jornais Diário da Noite, Diário de São Paulo e Correio Paulistano debateram o assunto. A discussão resultou em um projeto de autoria do Vereador Elias Shammas que, aprovado pela Câmara, deu origem a um concurso público de maquetes para a construção do Monumento, instituído pelo Prefeito Jânio Quadros em 1953. O trabalho vencedor foi o de Júlio Guerra, de Santo Amaro, dada sua simplicidade e realismo, conforme avaliação da comissão julgadora e da imprensa. O Monumento inaugurado no aniversário de São Paulo em 1955, é uma homenagem à raça negra radicada no Brasil. O Monumento à Mãe Preta exalta a figura da ama de leite negra, que criou os filhos dos senhores brancos até o início do século XX.

Monumento à Mãe Preta na Praça Annita Garibaldi

Monumento à Mãe Preta

Em Campinas, o Monumento é uma réplica da escultura paulistana, cujo original está localizado no Largo do Paissandu. A peça foi instalada pela comunidade de afro-brasileiros e religiosa no ano de 1983, na Praça Annita Garibaldi, em frente à Igreja São Benedito, porém o embasamento não teve verbas para a finalização do projeto, permanecendo a base em alvenaria de tijolos revestida com argamassa em cimento. Em 2015 associações de matriz africana se propuseram a participar de uma consolidação da peça por meio de um projeto de restauro com a UNICAMP. A base foi enfim finalizada, com revestimento em granito. A peça em Campinas foi uma fundição de Antonio di Giordano.

Monumento à Mãe Preta

Monumento à Mãe Preta

A sua localização foi uma escolha com uma motivação especial, um local sagrado para os afrodescendentes de Campinas, podendo ser considerado um território negro em função de seu vínculo espacial no passado e de sua atuação sociocultural no presente. Antigamente o Cemitério dos Cativos ou Cemitério dos Pretos localizava-se onde atualmente é a Creche Bento Quirino, ao lado da Igreja São Benedito. Neste Cemitério foi enterrado integrantes da ancestralidade da comunidade afrodescendente de Campinas.


Monumento à Mãe Preta

O Monumento da Mãe Preta ganhou foros de entidade religiosa, integrando rituais católicos e afro-brasileiros. Tornou-se comum depositar velas e oferendas aos seus pés, como flores, bebidas, comidas e pedidos em pedacinhos de papel. Transformou-se em local privilegiado para as comemorações pela libertação dos escravos, no dia 13 de maio e, mais recentemente, também pelo Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro.

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